A Importância da MPB na Ditadura Militar
Maria Luiza Faccin • 29/10/2025
Introdução
Todo mundo sabe que a música tem uma maneira sutil de espalhar uma ideia. Mas o grande ponto é: como é que os artistas brasileiros conseguiram fazer isso em um tempo onde o governo estava monitorando tudo e todos, como na Ditadura Militar?
A arte vai muito além de só nos distrair da realidade. Ela é, na verdade, uma força que traz à tona discussões e aquilo que a sociedade pede e necessita. Foi exatamente esse tipo de protesto que fez da música um pilar da resistência, não só na ditadura, mas em toda a história.
O que é a MPB?
MPB (Música Popular Brasileira) é um termo que engloba os grandes movimentos dos anos 60, como samba, bossa nova, rock e Tropicália. Sabe qual era a parte mais marcante? As letras das músicas! Eram o oposto do "mais do mesmo" ouvido nas músicas comerciais da época, sendo carregadas de críticas sociais e políticas que contavam a história do Brasil.
As Principais Vozes da MPB (A Década de Ouro 60-70):
As décadas de 1960 e 1970 marcaram a chamada “década de ouro” da Música Popular Brasileira, período em que surgiram e se consagraram grandes nomes que moldaram a identidade musical do país. Entre as vozes mais influentes estão Tom Jobim, mestre da Bossa Nova; Chico Buarque, com suas letras poéticas e engajadas; Gilberto Gil e Caetano Veloso, ícones do movimento tropicalista; e Elis Regina, cuja potência vocal e sensibilidade interpretativa a tornaram uma das maiores cantoras do Brasil.
Como a MPB conseguiu “Burlar” a Ditadura?
Para não serem barrados, os artistas viraram mestres em escrever nas entrelinhas, nas letras miúdas. Eles usavam figuras de linguagem como metáforas, eufemismos e neologismos para que a mensagem chegasse ao público de forma disfarçada.
E o MPB não parou na ditadura! Mesmo após a queda do regime, ela continuou na ativa, defendendo a democracia. As músicas que nasceram sob a repressão continuam por aí, lembrando a gente de algo vital: a liberdade de expressão é inegociável!
Músicas da epóca:
- "Cálice" (Chico Buarque): O título é sensacional! Soa igual a "cale-se", a ordem que o governo dava. Um jeito elegante de protestar contra quem pedia o silêncio.
- "Apesar de Você" (Chico Buarque): Uma das críticas mais diretas e menos disfarçadas ao pessoal do regime militar.
- "O Bêbado e a Equilibrista" (Elis Regina): Sinal de que a ditadura estava perdendo a força. O trecho "Choram Marias e Clarisses" é uma homenagem forte às famílias que sofreram nas mãos da repressão.
- "Mosca na Sopa" (Raul Seixas): A mosca não era só um incômodo no prato; era a metáfora perfeita para o cidadão que não se conformava e que vivia perturbando a ordem ditatorial.
Referências
UNICAMP. Explorando a Música Popular Brasileira (MPB): Uma Jornada Pelas Raízes e Inovações. Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 2024. Disponível em: <https://multisite.unicamp.br/wp-content/uploads/2024/04/Explorando-a-Musica-Popular-Brasileira-MPB_-Uma-Jornada-Pelas-Raizes-e-Inovacoes.pdf>. Acesso em: 29 out. 2025.
SMABC SINDICATO DOS METALÚRGICOS DO ABC. MPB, cultura popular e resistência. São Bernardo do Campo: SMABC, [s.d.]. Disponível em: <https://smabc.org.br/mpb-cultura-popular-e-resistencia/>. Acesso em: 29 out. 2025.
GAZETA VARGAS FGV. A ditadura militar pelos ouvidos da MPB. São Paulo: Fundação Getúlio Vargas, [s.d.]. Disponível em: <https://www.gazetavargasfgv.com/post/a-ditadura-militar-pelos-ouvidos-da-mpb>. Acesso em: 29 out. 2025.